quarta-feira, 25 de junho de 2008

Canções de Amor

O novo filme de Christophe Honoré, diretor de Em Paris, conta mais uma vez com a presença de Louis Garrel e tenta se aprofundar em questões que já mencionava em seu outro filme como a perda, o ciúme e a dor gerada pelo amor.

Dividem a tela com Garrel, Clotilde Hesme, com quem fez Amantes Constantes, e Ludivine Sagnier. Os três são um trio amoroso há cerca de um mês e passaram também a dividir a cama nos últimos dias. Esse acordo, entretanto, não parece estar deixando todas as partes desse relacionamento, satisfeitas. Várias coisas se desenrolam daí, mas vou tentar me ater a outras questões para não falar demais sobre a história, antecipando-a ao espectador.

O filme se passa quase todo durante a chuva ou tempo nublado. A fotografia se aproveita disso e, principalmente nas externas, as cores são azuladas e cinzas, combinando com o ambiente melancólico de "Canções de amor". Não há muitas cores vivas, nem mesmo nos personagens, a não ser, talvez, naqueles que vêm para quebrar essa crosta de tristeza. Assim também, Honoré consegue passar uma idéia não tão romantizada de Paris, ou ao menos, não tão clichê. Ele brinca com a realidade parisiense cinzenta e chuvosa, mostrando diversas cenas de vida cotidiana, com pessoas andando nas ruas, paradas em padarias, etc. Todos indo e vindo, sem muitos sorrisos, sem que se passe a impressão de que tudo é bom e feliz em Paris.

Ainda não mencionei algo importante. É um musical. Não musical dançante em que muitos figurantes aparecem e temos a cidade inteira fazendo coreografias. Mas um musical simples, em que os atores cantam em determinados pontos do filme para tentarem expressar melhor seus sentimentos. A trilha sonora, então, é composta por algumas músicas instrumentais, com seus bonitos violinos e pelas canções, que foram compostas por Alex Beaupain, o mesmo de Em Paris.

"Les Chansons d'Amour" consegue escapar da breguice e do tédio que sua característica "pseudo" musical poderia lhe dar. As canções são delicadas e bem encaixadas e nos ajudam a entender os personagens e juntamente a outros elementos do filme nos narra de forma lírica essas histórias de amor.

Mais uma vez Christophe Honoré se mostra grande apreciador da Nouvelle Vague. Seja através de cenas como os três na cama lendo um livro cada, que mostra como eles estão naquela situação, seja na montagem em FF durante uma cena, nos trazendo uma sensação cômica ou no personagem de Garrel, que parece uma reinvenção do ator dos filmes de Truffaut: Jean Pierre Léaud. Ambos têm um certo humor intrínseco (mais irônico que inocente, em Garrel) e parecem sempre meio alheios à realidade. Mesmo as canções são um exemplo de algo que acontecia bastante durante a Nouvelle Vague. Fosse em pequenas inserções como em "Pierrot le Fou" ou filmes inteiros como os de Jacques Demy.

Um dos grandes trunfos de Canções de Amor é mostrar o amor sem limitações de gênero, idade, etc. E conseguir, apesar do título de comédia musical, se aprofundar em sentimentos humanos, como a tristeza e a solidão. Um filme jovem, leve e liberal sobre as alegrias e as dores do amor.

3 comentários:

Unknown disse...

Se eu puder fazer uma pequena sugestão...
Você podia colocar uma nota pros filmes, tipo, de uma a cinco estrelas ou algo assim. Tipo no post do Hulk, vc elogia e fala mal o tempo todo, parece q vc gostou mas sei lah, facilita quando vc dá uma nota. =3

e esse filme de hoje. Quando eu li "Não musical dançante" fiquei revoltado. Como fazem um musical e tiram a melhor parte? bah!!

Clara disse...

Yey! Tá investindo na crítica?
Divertido!
Vou indicar pra todo mundo!
BjO!

Tiago Maranhão disse...

Discordo do Leo, a menos que você crie umas classificações divertidas, nada de "bonequinhos". =P

Enfim, quando ao filme, é bem simples: relacionou com Pierrot Le Fou, vou ver. Viu no panorama? Sabe quando sai em circuito??