quarta-feira, 25 de junho de 2008

Hulk

Hulk é mais uma super-produção do cinema americano baseada em revistas em quadrinhos da Marvel, que está fazendo sucesso nas grandes telas do mundo inteiro. Muitos desses filmes são divertidos, mas nada além disso, outros conseguem ser um pouco mais interessantes e criativos e outros são muito bons. Fico contente em dizer que Hulk se encaixa na última categoria.
Eu costumo ser meio rígida em relação a filmes de super heróis, tanto por causa do patriotismo exacerbado que muitos deles contêm, como pela falta total de qualquer apoio na realidade. Ou simplesmente pela quantidade absurda de efeitos especiais em detrimento da história. E finalmente, mas não menos importante, há também aqueles furos de conteúdo, seja se distanciando do que a revistinha realmente mostrava, seja na própria narrativa fílmica. Levando tudo isso em conta, vamos a Hulk.

É o segundo filme feito nos últimos anos sobre esse jovem cientista que depois de um acidente relacionado com radioatividade, acaba se transformando em uma pessoa muito volúvel que toda vez que fica com raiva ou excitada demais se torna uma criatura verde gigantesca e quase indestrutível.

Tendo em vista que o primeiro foi decepcionante em muitas questões, principalmente a parte do plot do pai maluco de Bruce Bane, esse segundo leva em consideração apenas os fatos ocorridos na primeira versão. Para isso, durante os créditos iniciais do filme, vemos através de flashs e imagens rápidas, algo como a memória de Bruce. Forma inteligente de contextualizar-nos sem necessidade de (re)vermos ou (re)ouvirmos tudo de novo. Assim, nos é mostrado o que aconteceu em seu passado até chegarmos ao momento presente.

Localidade: Favela do Rio de Janeiro.

O filme já começa bem. Por quê? Porque a favela é de verdade, as pessoas realmente falam português, ele tenta falar português, em vez de um espanhol aportuguesado! Tem até a diferenciação entre português e espanhol, coisa difícil de se ver em superproduções americanas que não se importam muito com a veracidade dos fatos ou com a cultura do país que eles ilustram.

Todos os atores estão ótimos: Edward Norton, como o cientista fugitivo tentando descobrir um antídoto para sua condição, ao mesmo tempo em que tenta arranjar meios de controlar-se; Liv Tyler como a mocinha compreensiva; William Hurt, como o pai general (muito bem caracterizado fisicamente) preocupado em gerar armas poderosas para o governo americano; Tim Roth, como o vilão sedento por força e poder e Tim Blake Nelson, como o cientista maravilhado com as possibilidades que aquela aberração pode trazer para a ciência, mas que não prevê as conseqüências maléficas de suas experiências.

A história se mantem num ótimo ritmo, desde a apresentação de Bruce Bane, até seu retorno aos EUA e à sua amada Betty, incluindo todo o processo de correr atrás de uma cura. Os atores e a história conseguem criar um clima verdadeiro, mesmo que fantástico, nos levando a empatizar com aquele grande monstro verde e nos fazendo vibrar com todas as reviravoltas do roteiro e suas tensas cenas de ação.

Outra boa coisa do filme é que ele economiza nos clichês mais banais, como frases de efeito “a torto e a direito” e esbanja em menções ao antigo seriado e às referências originais dos quadrinhos. Seja através da aparição de Lou Ferrigno, ator do seriado; da famosa calça roxa; etc.

Há, claro, suas desvantagens. Nada é perfeito. "O" Hulk é um grande efeito computadorizado e nada nega isso. É difícil esquecer, mas outros elementos, como as emoções que lhes deram, o olhar esverdeado e o fato dele não aparecer muito o tempo todo nos resguarda um pouco dessa sensação de falsidade. E, afinal de contas, ele é um monstro, quem vai dizer como um monstro parece?

Hulk me surpreendeu por conseguir ser denso e ter emoção. É um filme tenso, ao mesmo tempo em que carinhoso. É crítico, ao mesmo tempo que divertido. Tem uma narrativa bem amarrada e personagens envolventes, e apesar dos efeitos especiais exagerados (muitas vezes), pude me interessar pela história e torcer por aquelas pessoas, a ponto até mesmo de querer ver uma seqüência.

Nenhum comentário: