domingo, 24 de abril de 2011

Passeando por Buenos Aires

Fui uma das últimas pessoas que conheço que resolveu se render a tentação de ir a Buenos Aires. No início de março resolvi aproveitar que tinha duas amigas estudando lá e convenci minha mãe a fazer esse passeio comigo.

Sinto-me envergonhada de dizer que, aos 24 anos, este foi o primeiro país da América Latina que visitei. Bom, nunca é tarde pra começar.
Depois de 10 dias de viagem, das inevitáveis compras e de muito andar e fotografar, tenho algumas recomendações para aqueles que, mais tardios do que eu, pensam em aproveitar o baixo custo de cruzar a ponte Brasil Argentina.

Algumas das dicas mais comuns são: a Praça de Maio, onde fica a casa Rosada; o Caminito; San Telmo e Palermo; Tigre; Galerias Pacífico; Café Tortoni; Livraria El Ateneo; O Museu MALBA; a Rosa; …

Todos foram interessantes. Uns mais do que outros. San Telmo, por exemplo, foi um de meus bairros favoritos pra andar. O dia mais indicado é aos domingos, quando há uma feirinha super legal, cujo centro parece a nossa Feira de antiguidades da Praça XV e as extremidades já contêm produtos mais atuais, coisas muito interessantes, frequentemente artesanais que você só vai encontrar lá. Mas independentemente, este é um bairro agradável em qualquer dia. Para os cinéfilos, a Universidade del Cine fica numa das ruazinhas deste bairro e passa gratuitamente filmes todas as quintas feiras a noite. Ah! e a estátua da Mafalda sentadinha, muito graciosa também se encontra numa dessas ruas.
Enquanto San Telmo lembra um pouco a Lapa e Santa Teresa, Palermo seria a Ipanema de Buenos Aires. Cheia de lojas cool, com roupas e sapatos lindos, restaurantes estilosos e pessoas bonitas, este bairro é uma perdição pra quem quer fazer compras e também oferece uma feirinha, só que aos sábados.


Um restaurante muito bacana é o Moo, que tem todo um clima anos 50 e milkshakes incríveis! A loja de sapatos e bolsas Puro (Jorge Luis Borges 2184-Guatemala and Paraguay-zapatillaspuro.com.ar) também é uma boa.
Há também uma lindíssima papelaria em Palermo (Papelera Palermo) – Calle Honduras 4945, repleta de material para aqueles interessados em fazer seus próprios cadernos ou estampas. Para os que vão permanecer vários dias, a papelaria oferece oficinas para aprender técnicas de pintura, encadernação, etc.
Há muitos festivais de cinema e de música rolando o ano inteiro. Quando eu estava lá, havia o 2o Festival Independente de Tango. No último dia, fizeram uma milonga ao ar livre após o término da feirinha de SanTelmo. Vários pares desconhecidos se formaram imediatamente pra bailar o Tango.


Além disso, se você quer dançar, há muitos locais diferentes todos os dias em diversos horários que oferecem aulaspor uma média de 20 pesos por dia. Um site que pode ajudar nisso é http://www.buenosairesmilongas.com/
Eu, por exemplo, assisti uma aula de bebop, muito bacana.
Atrações como a Praça de Maio, Tigre, o Caminito, as Galerias Pacífico na calle Florida, a Livraria El Ateneo, O Museu MALBA e a Rosa são tranquilamente condensadas em atividades paralelas de dois três dias.
El Ateneo é realmente linda, mas uma livraria cara. Por isso recomendo olharem os muitos sebos da Calle Uruguay (próximo a estação de Metrô Uruguay).
A Recoleta, onde se encontram a Rosa e o Malba é um bairro bastante residencial sem muitas opções mais econômicas de lazer. Se assemelha um pouco ao Leblon no quesito caro e chique.
 


Já o Caminito foi um lugar ótimo para comprar lembrancinhas, mas o clima turístico é um pouco opressor. Há restaurantes por toda a rua com pessoas te chamando o tempo todo pra sentar e assistir, seja o Tango ou as apresentações de outras danças típicas.
As Galerias Pacífico lembram as Galerias Lafayette, em Paris. Lindo por dentro, mas bastante caro.
Já a Calle Florida oferece todo tipo de produto que variam entre preços justos, mais baratos do que no Brasil ou caros ainda assim. Os vendedores ambulantes espalham seus produtos ao longo da rua a partir das 4 horas da tarde mais ou menos, todos os dias. Vale a pena conferir.
O famoso Café Tortoni é realmente um local agradável. Por incrível que pareça, não é muito mais caro do que o normal. Ótimo para tomar um chá ou comer um pedaço de quiche. Os garçons são super ágeis e prestativos. 

O charme do local é irresistível, então não se preocupem, eles estão super acostumados com pessoas entrando para tirar fotos.
Já em relação a Tigre, pode-se chegar pelo trem normal, por menos de 3 pesos. Quando se chega lá você tem a opção de passear de barco ou catamarã, ou de ficar e aproveitar a feira do Porto das Frutas. Ambos passeios interessantes. 


O mais legal mesmo é andar, pegar onibus, conhecer a cidade e seus cantos.
Um dos melhores dias foi quando encontrei alguns argentinos e depois de conversarmos num bar em um bairro chamado Almagro, fomos a um clube assistir uma Peña (tem um sentido parecido de uma milonga, mas com danças e ritmos regionais de outras parte da Argentina). As danças eram lindas e o clima ótimo. Todos nós fomos super bem acolhidos.
Em geral minhas dicas são essas. Espero que tenha interessado tanto aqueles que nunca foram quanto aqueles que querem fazer uma nova visita. 





 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Graffiti

Bom dia!
enquanto escrevo sobre "Amor e outras drogas", deixo aqui algumas fotos de graffitis. Estou numa fase bastante deslumbrada pelas intervenções urbanas. Espero que gostem.



sábado, 29 de janeiro de 2011

Em Algum Lugar - Sofia Coppola

Parece haver um interesse em comum nos últimos filmes de Sofia: a desmistificação de certos símbolos. No caso de Maria Antonieta o interesse era mostrar que por trás do título de realeza e dos livros de história, a personagem mulher era mais complexa e sua vida continha mais do que algumas falas lendárias. Não vou entrar no mérito deste filme inteiramente e apenas dizer que, assim como em Somewhere, acredito que Sofia falhou e exagerou em seu intuito de subverter os valores estabelecidos.
“Em algum lugar” narra através de sequencias longas e um tanto entediantes alguns dias na vida de um famoso ator de Hollywood. Stephen Dorf interpreta Johnny Marco, que parece estar em meio ao período de divulgação de seu mais novo filme e disfrutando de diversas regalias, tais como um carro esporte, uma assessora que o telefona sempre que há algum compromisso, viagens pagas, estadia num hotel luxuoso e exclusivo, etc.
O filme é dividido em dois momentos, um prólogo de introdução ao personagem, onde presenciamos sua entediante existência e o período em que sua filha de 11 anos fica hospedada com ele. As três primeiras sequências do filme, uma antes dos créditos e duas logo depois já nos dão de bandeja informações que servirão como base de todo o resto. Na primeira, Johnny gira em círculos com seu carro numa estrada deserta, quase como numa metáfora de sua vida, que não o está levando a lugar nenhum, que é apenas um girar sem propósito. Logo depois, temos a cena em que Johnny machuca o pulso, levando-o ao gesso no braço que o acompanhará por quase toda a narrativa, também possivelmente uma metáfora deste imprisionamento, desta condição transitória, e a cena das gêmeas loiras dançando uma coreografia sexy para Johnny enquanto este adormece. É isso. Nestas três cenas temos um resumo bastante preciso do que veremos no resto do filme: tédio e banalidade que tentam ser mais do que isso.
Acho bacana esta motivação de apresentar um ator de Hollywood como apenas mais uma pessoa, com questões semelhantes as de qualquer um e de subverter a crença de que por este ser rico e rodeado de mordomias, seria uma pessoa feliz e completa. Nem mesmo interessante ele é. Sofia quer mostrar que não existe o glamour que as pessoas pensam. É uma vida bastante vazia. E solitária. Por mais que haja uma mulher por dia, pelo menos, se oferecendo a ele, no fim da noite, ele está sozinho novamente. Até sexo se tornou desinteressante para esta personagem.
Ok. Tais motivações ficaram claras, mas a que custo?
O tempo narrativo vagaroso, os planos sem conteúdo e os diálogos banais dão forma a este tédio ensurdecedor do filme, que diferente de “Encontros e Desencontros”, não encontra nenhuma inspiração, nenhum tom de profundidade ou de aprendizado.
Além disso, outra questão que me incomoda bastante é o fato destes personagens serem tão desinteressantes. Não há carisma, não há nada que realmente mantenha o espectador na poltrona querendo assistí-los. E a tentativa de dar profundidade psicológica aos mesmos e de igualar seus problemas e inquietações aos de qualquer um não convence. Dá quase vontade de rir, quando a filha de Johnny chora e demonstra inseguranças e para lidar com isso ele vai para Las Vegas. “Tudo bem se atrasar um pouco, porque é só chamar um helicóptero pra buscá-los depois”. Essa posição de coitadinho não cola. As cenas e as atuações são rasas demais para que eu me comova com este ator entediado em seu carro esporte.
A relação de pai e filha, que deveria ser o ponto de transformação é levado a um nível tão banal que não possui a força necessária.
Alguns dos melhores momentos são os de interação deste ator com o cotidiano esdrúxulo relacionado a profissão: o programa de TV italiana, a conferência de imprensa, o molde para efeitos especiais, as fotos de promoção com sua colega de trabalho no filme, etc. Nisto, acho que o humor e a ironia ainda são um ponto forte da roteirista.
Quase tudo no filme pode ser justificado ou interpretado em um campo simbólico. Mas isso não o torna um bom filme. Apenas coerente.
A última cena ilustra bem a personagem, que parece saber que está sendo filmada e se comporta como num filme. Sai do carro no meio de uma estrada pois está deixando tudo pra trás, está indo se encontrar, está se livrando das amarras e das certezas, todos estes possíveis clichês.
Por essas e outras, é um pouco decepcionante ver como a diretora regrediu desde “Encontros e Desencontros”, que deveria ser uma evolução, já que foram escritos ao mesmo tempo e possuem temas tão próximos.
Ainda assim, acredito em seu potencial e fico ansiosa para descobrir um outro bom filme seu.