domingo, 25 de outubro de 2009

Na praia com Agnès





Um andar calmo. Uma inquietude serena, o olhar vibrante e expressivo. Um encantamento com as coisas, próprio de uma criança. Agnès Varda olha para o mundo como se sempre fosse a primeira vez.

Essa mulher, senhora, cineasta, super simpática e carinhosa que desata a falar depois que se sente a vontade é uma força ambulante, energia impaciente, que esbanja conhecimento. Não somente um conhecimento de livros, mas um advindo da experiência, ingênuo, repleto de impressões e sentimentos.

Ela consegue extrair beleza de quase qualquer coisa. E gerar questionamentos das mais simples paisagens. E mostra no dia a dia que tudo está ali, depende apenas da sua forma de ver o mundo, de um ângulo, de uma espera por um plano perfeito, simplesmente do seu olhar.

Tive o privilégio de conversar com Agnès nos três dias em que esteve aqui para o Festival do Rio. Aprendi muito, apenas observando sua humildade, integridade, honestidade e senso de humor. Até mesmo fechar uma caixa com barbantes pode se tornar um evento e uma fita vermelha se transformar numa gravata enlaçada por ninguém menos que ela para ser um presente de despedida.

Para quem nunca assistiu um de seus filmes, aproveitem que há vários curtas e médias metragem no youtube. Eu recomendo “Salut Les Cubains”, “documentário” que ela fez em 1962, quando esteve em Cuba; Black Panthers, sobre o movimento dos Pantera Negras nos EUA e L’Opera Mouffe, uma montagem de imagens filmadas na Rua Mouffetard, em Paris, no ano de 58.

Conhecendo ou não sua obra, “As praias de Agnès” é um filme necessário. Não atinge apenas os cinéfilos ou amantes da nouvelle vague e de seu trabalho nesse período. Atinge a qualquer um que admire o belo e que preze por momentos de magia.

Agnès abre as portas de seus 80 anos e conta sua vida, seus temores, suas alegrias e suas dores. Te dá energia de vidas a fio apenas mostrando do que ela foi e é capaz até hoje. Além disso, é um filme de amor. Amor pela vida, por sua família, pelos filmes, pelas praias…

Um amor também incondicional pelo marido Jacques Demy, falecido há quase 20 anos, que por mais sofrer que possa ter causado, é lembrado com carinho, admiração e sem desespero, num clima “que seja eterno enquanto dure”.

Ao longo desses tres dias pude observá-la.

Varda ama cores. Anda colorida como só ela. Admirou e comprou vários vestidos brasileiros. Dá uma aula de empacotamento com direito a “Viu? Já podemos trabalhar profissionalmente numa loja de embalagens!”.

Na praia, no último domingo de sua estadia aqui, Agnès filmou o mar, procurava a linha do horizonte em meio aos reflexos do sol na tela de sua pequena câmera. Ajudei-a a criar sombras, mas o efeito não era o mesmo. Essa incapacidade a deixava indignada (“Não dá pra ver nada nisso! Não vejo nada! Que que eu vejo? Eu mesma, é o que eu vejo”). E na hora de fotografar o mar, ela não se apressava. Esperava a onda perfeita. Fez algumas tentativas, mas não desatou a fotografar como é de costume na era digital. Tirava uma foto. Não era o que queria, esperava… tirava outra. “Pas mal…”

Eu, na minha mudez estarrecida de admiração só escutava as lições que Agnès passava, assim, como quem fala de receita de bolo ou de sobre como tá quente o dia hoje. A impressão que me dá é que essa mulher transborda paixão. O lirismo presente em um simples comentário sobre a luz das sete da manhã, a mais bonita segundo ela. “Não há outra melhor que essa, a luz lateral. Veja como ela preenche as formas, dá textura…”

O deslumbramento que flores caídas no chão lhe causam, a vontade de conhecer museus, a curiosidade de saber lugares, bairros, de aproveitar cada momento ao máximo. Varda vive descobrindo o que está a sua volta. Fala de seus queridos amigos ou familiares com muito amor e admiração. Não faz nada para agradar ninguém.

“Você tem que alimentar o espectador. O diálogo ja é a cena. A questão é que não pode mostrar apenas duas pessoas se despedindo na estação de metro, você precisa dar sustância ao público” – disse em resposta a uma pergunta minha.

Nos últimos minutos antes de ir pro aeroporto, ajudei-a a arrumar suas coisas e ela filmou a praia do Leme cheia pela janelo de seu quarto, subindo a câmera dos desenhos das pedras portuguesas, passando pelo mar de gente até chegar a água. Esse diário de imagens que ela está construindo é bem mais interessante do que qualquer aula de cinema que pudesse dar falando. E ao final, fui presenteada com uma pose para que pudesse fazer um retrato. “Vou tentar sorrir pra você”.

Fotografei também as lindas flores que ela, muito decepcionada, teve de deixar aqui por restritas leis aéreas.

A senhora de cabelos bicolores que diz ter deixado assim só pra se divertir disse, como veredito, ter adorado as praias brasileiras. Gostou também do evento e de conhecer pessoas ávidas por cinemas.

Mesmo admitindo certas limitações físicas, decorrentes de sua idade, a calma e a segurança em seus gestos e palavras (palavras essas certeiras que vão sempre direto ao assunto), transpassam a sabedoria dessa jovem senhora.

Um coração sábio e vivido, um corpo um pouco cansado, mas teimoso que só ele. Linda, definitivamente uma das mulheres mais lindas que já conheci.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Relembrar é viver


American Boy é um filme que Martin Scorcese fez em 1978, dois anos após o grande sucesso de Táxi Driver, mas também imediatamente posterior à realização de New York New York, numa época em que passava por um momento de depressão e se questionava sobre sua vocação como cineasta, por talvez estar desviando do caminho que havia pensando em tomar quando decidira trabalhar com cinema.

"If this movie doesn't do big I'll shave, or start doing cocaine”.

Foi o que ele disse antes do musical sair em cartaz. Com a desaprovação do público confirmada e o fracasso de bilheteria após seu primeiro filme de grande orçamento, Martin acabou cumprindo uma das profecias.

E ele não fez a barba.

Em meio a boatos sobre um suposto relacionamento confuso com Liza Minelli e dúvidas sobre seu talento e suas escolhas como diretor, Scorsese faz American Boy, um média metragem de 50 minutos cujo tema e protagonista é um de seus amigos mais próximos naquele momento, Steven Prince.

Steven, que na época tinha 20 e tantos anos, havia exercido muitas profissões até 78, desde holdie de Neil Diamond até atendente em posto de gasolina. Mas naquele momento estava se consolidando no mundo de Hollywood, já havendo atuado em papéis secundários de Táxi Driver (Easy Andy) e New York New York. Mesmo bastante jovem Prince tinha muitas histórias pra contar e Scorsese, após pesquisas e anotações, resolveu chamá-lo para contar algumas de suas anedotas numa filmagem informal.

Apesar de encontrarmos alguns furos em sua vasta cinematografia, algo que me sinto a vontade em afirmar é que Martin Scorsese ama cinema e ama o que faz. Isso fica claro nos planos, na luz, no som, em cada detalhe de seus filmes, aos quais percebemos que ele deu toda a atenção possível, tirando, às vezes, até mesmo uma possível falha bem vinda ou deixando um tom superficialmente perfeito. Talvez por ser meticuloso demais, não deixa espaço para o acaso, para reações espontâneas ou erros.

American Boy é um respiro libertário em que tudo não precisava ser perfeito e bem acabado e um momento em que Scorsese abre espaço para o público se aproximar. Isso acontece em dois níveis: um é a forma que ele se coloca no filme.

Está sempre presente (visualmente ou por meio de sua voz, comentando ou fazendo perguntas), mas deixando-se de lado para destacar o verdadeiro astro, Steven Prince. Uma ótima cena para demonstrar isso é quando George, o dono da casa, vai abrir a porta para Prince e inicia uma (falsa?) briga, até que o mesmo, diz “You! Scorsese!”. Ao que este responde “What?”. Ou seja, ele só estava se restringindo ao seu papel de observador, deixando a ação se desenrolar e captando as imagens que se apresentavam a ele.

Martin Scorsese se mostra um verdadeiro maestro, que está ali para reger os instrumentos: luz, câmera, atores, o discurso, etc. Um belíssimo exemplo é quando George declara já ter ouvido de Steven que overdose não seria uma maneira ruim de se morrer. “You just get higher, and higher, and higher....” e quando Steven, do outro lado da sala começa a repetir também “higher and higher...”, Marty simplesmente faz um movimento com o braço indicando para a câmera fazer uma pan até chegar nele.

É esse equilíbrio entre protagonista e figurante que encanta. Ao mesmo tempo em que coordena tudo, muito ciente do que está acontecendo, é humilde e carinhoso. Não trata Steven apenas como um objeto temático ou um personagem, mas como um amigo.

Tão tenso de ter feito algo grande, com altas expectativas e responsabilidades, e ainda decepcionado com o resultado, resolveu se dedicar a algo que pudesse realizar rapidamente, entre amigos e sem grandes requisitos.

Tudo que ele precisava era de película, uma pequena equipe que fizesse o som e a câmera e um amigo cheio de histórias fantásticas para contar. Se verídicas ou não, isso não importava. O importante era a química entre Prince e Scorsese e Prince e a câmera. Ele domina o público com sua personalidade espalhafatosa e seus vários personagens, às vezes sombrio, outras hilário. Sem falar de sua presença física mesmo, muito marcante através da voz esganiçada, fundas olheiras, olhar esbugalhado, um jeito um pouco frenético e muito gestual de falar.

Entre momentos cômicos e absurdos, presenciamos também a vulnerabilidade de Prince ao falar sobre seu histórico com as drogas, a vez que matou uma pessoa e sua relação com o pai. Um dos depoimentos pérola é a descrição que mais tarde foi usada como uma cena por Quentin Tarantino em Pulp Fiction.

Assim, após mais ou menos, 12 horas de material filmado, 50 minutos foram selecionados na edição final, aos quais foi adicionada uma música de Neil Young, algumas cartelas e cenas de vídeos caseiros ilustrando o que seria a família de Prince.

O que nos leva ao segundo aspecto muito importante de American Boy: a aproximação do público através da exposição do dispositivo.

Seu tom quase caseiro e a intimidade com a qual foi realizado dá ao público a oportunidade de observar alguns dos procedimentos de feitura do filme, desde discussões sobre a quantidade de película no chassi, até frases como “Isso vai ter que ser editado, porque senão estragaremos o final da história”.

Vemos refletores que estão sendo usados como iluminação nos cantos do quadro e microfones “sobrevoando” suas cabeças. Percebemos a naturalidade do processo de filmagem, pela câmera na mão; sua mobilidade e enquadramentos soltos; o plano e o foco sempre ajeitados, à medida que as coisas acontecem e a maneira informal com que tudo está organizado. Por tudo isso, pelos cortes abruptos e pelo fato da câmera quase nunca filmar Steven de frente, que está quase sempre falando para Marty ou para todos, nos sentimos mais um no meio a roda de amigos, ouvindo histórias e dando risadas.

Ainda pensando em seu papel como maestro, aprendemos um pouco sobre Scorsese e seu processo como diretor e entrevistador, através de momentos em que percebemos que está guiando Steven, ao fazer pequenas perguntas que impulsionam o discurso e guiam a entrevista. Ou através do bloco de folhas que o acompanha sempre, certamente um roteiro com idéias e anotações de histórias que ele gostaria de colocar no filme.

A última cena é um epílogo que resume bem o sentido do documentário. Ao falar sobre o relacionamento recente com seus pais, Prince se vê requisitado a repetir-se algumas vezes, pois Scorsese acredita que o relato dramático foi contado de forma muito leviana. Acompanhamos a mudança no tom de voz e na forma com a qual ele fala e sentimos até mesmo que é doloroso falar seriamente daquilo.

Nesse momento temos todos os elementos a mostra: personagem, diretor e dispositivo e é onde Scorsese exerce mais ativamente seu papel, assumindo completamente sua função de regente, que antes poderia estar sublimada, mas que se pensarmos bem, estava sempre ali: na escolha do formato, na decisão de expor o dispositivo da filmagem, na única música de Neil Young “Time Fades Away”, etc.

. American Boy é um filme simples e sincero que não está em busca de nenhuma grande verdade, mas prova que qualquer dúvida que Scorsese ou qualquer um pudesse ter em sua vocação como cineasta é desnecessária.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Viajo porque preciso, volto porque te amo

Lembrando sempre que falo apenas dos filmes que pude assistir, os três que destaco na seleção competitiva nacional são, não por acaso, filmes que revolucionam, cada qual do seu jeito, a estética e a temática dessa geração cinematográfica nacional em que nos encontramos.

“Viajo porque preciso, volto porque te amo”, longa dirigido pela parceria de Karim Ainouz e Marcelo Gomes é um filme sensível e lindo. Uma beleza que não é óbvia, mas que advem da sutileza e do sofrimento de seu personagem principal, assim como da crueza e do lirismo sincero das imagens.

Ambos diretores haviam filmado e fotografado durante as buscas de locação ou até mesmo durante a produção de seus filmes anteriores que se passavam no nordeste brasileiro. “Cinema, aspirinas e urubus”, assim como “Céu de Suely” foram material bruto do novo longa feito pela dupla. Engraçado como aquele material de pesquisa, que teoricamente seria o rascunho dos filmes mencionados se transformaria em linguagem e memória de um novo personagem, completamente destacado e independente das histórias que contaram anteriormente.

Uma das coisas mais surpreendentes é que nada parece estar fora de lugar. Por mais que sejam usados diversos formatos: digital, película - 16mm, 35mm, Super 8 - máquina fotográfica, as imagens todas se encaixam na narrativa sofrida e à flor da pele desse personagem em constante deslocamento.

José Renato, protagonista que nunca vemos, mas que nos guia durante todos os 70 minutos com sua voz calma e forte, parte em busca de conforto e de esquecimento. Após o término com sua mulher, Joana, fato que só descobrimos após algum tempo de filme, o geólogo viaja a procura de consolo, na expectativa de poder voltar a viver sem sofrer, sem lembrar o tempo todo de sua galega. Ou simplesmente na procura de si mesmo, e de respiro, já que se encontra naquela situação em que não consegue se pensar desligado do outro e precisa descobrir essa sua nova identidade unitária e só e nem consegue ver a dor passar.

O processo de superação deste amor, pelo qual ele passa, momento com a qual quase todos podemos nos identificar, é tocante, emocionante e possivelmente até revelador. Ao acompanhá-lo, o espectador fica em um instante estado de "à beira de transbordar".

Não nos é apresentado dados externos sobre essa mulher ou sobre o relacionamento dos dois. Toda a fonte de informação que temos é a memória e a fala de José Renato. Ele mesmo não contextualiza muito nem tenta explicar porque teriam terminado, quanto tempo juntos teriam ficado e nem dá detalhes sobre a felicidade ou tristeza anterior. Fala como num fluxo de pensamentos, que se justificaria por ser um diário de bordo, já que esta viagem tem também um propósito profissional de avaliar a possibilidade de construção de um canal que resultaria da transposição das águas do rio São Francisco.

Entre lembranças e impressões de sua viagem, as divagações de Zé Renato vão formando uma colcha de retalhos, cada pedaço com uma beleza particular, com uma história rica de detalhes, se completando pelo diferente, se encaixando pelas imperfeições.

Marcelo Gomes fala que este filme surgiu da idéia de usar das imagens filmadas na busca por esse sertão místico já tão retratado, mas pouco conhecido, aquelas que mais os impressionavam e os emocionavam. Para isso, precisavam de um personagem capaz de abarcar toda a emoção, a tensão e os questionamentos pelos quais os diretores também passaram.

Fala também que esse filme foi um ótimo exercício para se pensar a arte-profissão que pratica.

“É difícil assistir o filme até o final, por ser tão pessoal. Mas ao mesmo tempo é ótimo, porque acho que fala muito do que nós acreditamos que é fazer cinema”.
Marcelo Gomes

Assim como as contradições das imagens mostradas, ora poéticas, ora sujas, ora inspiradas, ora borradas e tortas, o personagem passa por etapas comuns para alguém em sua situação, de confusão e insatisfação. Um dos momentos mais significativos talvez seja quando diz algo que pode ser compreendido como uma fala dos diretores em relação a sua profissão ou a esta região árida brasileira, ou simplesmente de José Renato em relação à Joana: “Sinto ondas abruptas de ódio e amor por você”.

Além disso, uma das melhores coisas do filme é não só sua complexidade de sentimentos, como a maneira com a qual lida com toda a tristeza e a desilusão. Não é um sofrer apocalíptico e sem esperanças. É um gosto amargo e um processo pelo qual ele sabe que precisa passar antes de ficar bem.

Viajo porque preciso, volto porque te amo é uma raridade da cinematografia brasileira que merece ser vista pelo máximo número de pessoas. Espero que motive outros a pensarem que é possível fazer um cinema delicado, autoral e brasileiro, com poucos recursos, mas bastante sensibilidade e criatividade.

Listagem Festival do Rio

Quase uma semana depois do término das atividades "Festivalísticas", a cidade começa a voltar ao normal. Um feriado para acalmar e colocar todos em dia com suas rotinas diárias.
Esta que vos fala, Raquel, acabou não conseguindo escrever durante as duas semanas do Festival do Rio porque estava trabalhando no mesmo. Sendo assim, minha rotina se dividia entre trabalhar, ver filmes e descansar por 4 horas, quando possível.
Isso não quer dizer, entretanto, que eu tenha esquecido minhas obrigações para com o site e para com qualquer pessoa interessada em saber sobre os resultados e impressões em meio aos 300 filmes estrangeiros e nacionais da décida edição do evento.
Por isso, resolvi destacar os melhores filmes dos 52 que assisti. Se possível, também prevenir contra algumas bombas e comentar sobre o grande número que fica naquele limbo entre o medíocre e o aceitável.

As três preciosidades do cinema nacional:
  • O Amor segundo B. Schianberg
  • Os Famosos e os Duendes da morte
  • Viajo porque preciso, Volto porque te amo
Curta brasileiro que se destacou:
  • Bom dia, meu nome é sheila ou como trabalhar em telemarketing e ganhar um vale-coxinha
Melhores Documentários:
  • American Boy / American Prince
  • When you`re strange
  • Doutrina do Choque
  • It might get loud
Filme com temática gay:
  • Sinos Silenciosos
Filmes interessantes pela temática:
  • Nollywood Babilonia
  • Os Yes Men Consertam o Mundo
Filme Biográfico do ano:
  • Amália
Filmes que decepcionaram:
  • Tokyo
  • Aventura Erótica
  • O ultimo verao de la boyita
  • O dia da saia
  • Maradona
Filmes no limbo:
  • eu matei minha mãe
  • Sem vc nao sou ninguem
  • trafico de almas
  • a pequenina
  • o mercado
  • I am happy
  • Barba azul
  • Hotel atlantico
  • arranca me a vida
  • Mamae foi ao salao
  • an education
  • distante nos vamos
  • the time that remains
  • che 2 - a guerrilha
  • 24 city
  • politist adjetif

Filmes a se evitar:
  • Um outro Homem
  • Corredor Noturno
  • A procura de paz
  • Cornucopias
Filmes que me surpreenderam (nem tanto supresa em alguns casos, mas certamente foram os melhores longas ficção que assisti):
  • Bad lieutenant
  • 500 dias com ela
  • como desenhar um circulo perfeito
  • distrito 9
  • o pai dos meus filhos
  • white material
  • as praias de agnes
  • 35 doses de rum
  • O rei da fuga
  • aquario
  • mother
  • inglorious bastards

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Festival do Rio vai muito além das salas de cinema

A contagem regressiva para o início do Festival de Cinema está terminando. A partir de amanhã, dia 24 de setembro, as atividades começam.

O que poucos sabem, porém, é há muito mais do que apenas sessões de cinema e debates nas salas. Por isso, tentarei brevemente informar o máximo possível sobre as atividades paralelas que também vão ocorrer nas próximas duas semanas.

Por onde começar? Pavilhão.

O evento, todo ano, apesar de espalhado por todo Rio de Janeiro, possui uma base, um local onde reuniões, seminários e festas acontecem. Durante vários anos, Copacabana abrigou a sede do Festival do Rio, mas agora, pelo segundo ano consecutivo, esta ficará localizada na Av. Barão de Teffé 75, no centro do Rio de Janeiro. Este galpão enorme tem espaço pra diversos ambientes e vai oferecer desde atividades privadas àquelas abertas para o grande público. Em geral pode-se dizer que o Pavilhão receberá todos que chegarem, normalmente entre 10 e 21 hrs. Dentre suas muitas atrações há:

Um cinema que funcionará durante toda a segunda semana do Festival, mostrando a cada noite, às 21:00, um filme em 3D de graça. Desde Beowulf a lançamentos recentes como Up, da Pixar. As sessões são sujeitas à lotação e podem ser reservadas pela Internet.

Uma sala que abrigará os cine encontros. Pra quem não sabe o que estes são, já me explico. O cinema Odeon, na cinelândia, passará todos os dias um documentário e uma ficção brasileiros, que fazem parte da mostra Première Brasil. As sessões de 13:00 e de 15:00 são populares, com ingressos a 2 reais. Após o término dos filmes, um ônibus estará na porta no cinema, com a EQUIPE do longa exibido e todos serão conduzidos ao Pavilhão. Lá, haverá uma sala onde se dará os debates. Então, todos que quiserem conhecer e conversar um pouco com os responsáveis do filme que tiverem assistido serão bem vindos. Dos convidados, já estão confirmados Fábio Assunção, Marco Ricca, dentre outros.

Uma sala de games, aberta para o público das 10 às 17 hs, que contará com jogos de última geração. “Os jogos serão disponibilizados nas mais diversas plataformas e consoles, tais como Nintendo Wii, X-Box, PSP, Playstation 3, Playstation 2 e computadores”. Monitores estarão a todo o momento dispostos a ajudar e tirar qualquer dúvida.

Um pequeno set de filmagem equipado com refletores de todos os tipos e tamanhos fornecidos pela Naymar Equipamentos, onde um cenário de um quarto estará montado, a espera de jovens cineastas que queiram filmar algo ali. Qualquer pessoa pode chegar no espaço, que se estiver desocupado, poderá ser usado para filmagens em celular, câmera de vídeo, câmera fotográfica, o que for. Então, vão preparando seu roteiros e corram pra botar a mão na massa.

Workshops dados por grandes nomes nacionais e internacionais e seminários sobre as novas tendências do mercado também ocorrerão nesse tempo. Maiores informações e uma programação completa podem ser encontradas no site www.riomarket.com.br

Para os mais envolvidos com a área, o festival fornece o Rio Screenings, um espaço para “produtores, exibidores, programadores, sales agents e distribuidores em busca de negócios possam ver os filmes disponíveis” e depois, se interessados, se reunirem com os produtores para negociações de compras e vendas.

Alguns stands de empresas de iluminação, som e imagem e até de venda de livros especializados também estarão lá, no segundo andar, para quem quiser conferir.

Há dois restaurantes e alguns lounges com Internet wi fi gratuita.

Ou seja, não há como ficar entediado.

Saindo do Pavilhão, o festival se espalha pelas Praças do Rio de Janeiro. A RioFilme vai aproveitar o evento para iniciar oficialmente o projeto em conjunto com a Prefeitura chamado Cinema na Praça. Durante as próximas duas semanas, 8 praças espalhadas por todo o município exibirão filmes brasileiros como O Guerreiro Didi e a ninja Lili e Se eu fosse você 2. Além das praças, outros locais, como o Sesc de Ramos, Tijuca e Madureira também exibirão filmes gratuitamente.

Sexta, 25 de Setembro
• Largo do Machado – 18:30 Se eu fosse você 2
Sábado, 26 de Setembro
• Providência (Quadra da Comunidade) – 18:30 O Guerreiro Didi e a ninja Lili
• Praça Seca – 18:30 Se eu fosse você 2
Domingo, 27 de Setembro
• Mangueira (Quadra da Mangueira) – 18:30 O Guerreiro Didi e a ninja Lili
• Chapéu Mangueira (Quadra do Chapéu Mangueira) – 18:30 Se eu fosse você 2
• SESC Tijuca (Rua Barão de Mesquita 539) – 13:30 Branca de Neve
Segunda, 28 de Setembro
• Acari (Pça da rua Olaria) – 18:30 O Grilo Feliz 2
• Acari (Pça da rua Olaria) – 20:00 Asterix nos jogos Olimpicos
Terça, 29 de Setembro
• Rocinha (Rua Beta Lutz 80) – 18:30 O Grilo Feliz 2
• Rocinha (Rua Beta Lutz 80) – 20:00 Asterix nos jogos Olimpicos 35mm
Quinta, 01 de Outubro
• Lapa (Praça Monsenhor Francisco Pinto) – 18:30 Se eu fosse você 2
• Esp. Criança Esperança (Cantagalo) – 14:00 Se eu fosse você 2
Sexta, 02 de Outubro
• SESC Engenho de Dentro (Av. Amaro Cavalcante 1661) – 14:00 Branca de Neve
• Paquetá (Praça São Roque) – 18:30 O Guerreiro Didi e a ninja Lili
• Paquetá (Praça São Roque) -20:00 Se eu fosse você 2
• SESC Madureira (Rua Ewbank da Câmara 90) – 14:00 Branca de Neve
• SESC Madureira (Rua Ewbank da Câmara 90) – 19:30 Pele de Asno
Sábado, 03 de Outubro
• SESC Tijuca (Rua Barão de Mesquita 539) – 13:30 Pele de Asno
• Largo do Machado – 18:30 Se eu fosse você 2
Domingo, 04 de Outubro
• 18:30 Tavares Bastos (Quadra da Comunidade) – Se eu fosse você 2
• Urucânia (CIEP Alberto Pasqualine-Rua Clion Cunha Brum) – 18:30 Se eu fosse você 2
Segunda, 05 de Outubro
• Cajueiro – 18:30 O Grilo Feliz 2
• Cajueiro – 20:00 Asterix nos jogos olímpicos
Terça, 06 de Outubro
• Vidigal (Praça do Vidigal) – 18:30 O Grilo Feliz 2
• Vidigal (Praça do Vidigal) – 20:00 Asterix nos jogos Olimpicos
Quarta, 07 de Outubro
• Asa Branca (Av. Salvador Allende) – 18:30 O Grilo Feliz 2
• Asa Branca (Av. Salvador Allende) – 20:00 Asterix nos jogos Olimpicos
• SESC Ramos (Rua Teixeira Franco 38) – 10:00 Branca de Neve
• SESC Ramos (Rua Teixeira Franco 38) -14:00 Pele de Asno

Essa iniciativa vai continuar ao longo de todo o ano e seu objetivo é completar, contando com essas de agora, 96 sessões em praças espalhadas por todas as regiões do Rio até agosto do ano que vem.
Ok, acho que pra começar, já ta bom, não?

O que mais eu ficar sabendo ou lembrar, ponho aqui.
Então, espero que todos aproveitemos muito o Festival. Vejam muitos filmes, debatam sempre que possível, aprendam e divirtam-se.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filme novo de Coutinho continua os questionamentos

Local: Um galpão de ensaios perdido em Belo Horizonte.

Tempo: 3 semanas.

Tema: As Três Irmãs, de Anton Tchecov.

Objetivo: ver até onde vai o processo de trabalho dos atores do Grupo Galpão, dirigidos por Enrique Diaz, com o texto escolhido.

Moscou, filme mais recente do já lendário Eduardo Coutinho, segue alguns dos padrões recorrentes em sua obra, como o estabelecimento de um espaço e um tempo para sua realização, e perpetua o interesse que iniciou mais abertamente em Jogo de Cena.

Neste, tínhamos uma certa investigação de ficção e realidade e seus tênues limites. Através do depoimento de várias mulheres - atrizes e pessoas comuns - que poderiam estar atuando ou não, recriando um discurso já dito ou não, desconstruía-se idéias pré-concebidas do que seria mais ou menos sincero, assim como a idéia de um documentário feito apenas de verdades e momentos espontâneos. A verdade estaria em quem fala ou no discurso? Há mais verdade numa atriz recriando um texto ou numa pessoa colocada na frente de uma câmera para contar sua história? Chega-se à conclusão de que essas barreiras são finas demais para serem determinadas e que talvez essa nem seja a questão mais importante.

Em Moscou, Coutinho leva isso adiante. Determina desde o começo que está trabalhando com um grupo de atores e que esses estarão recriando um texto de Tchecov. Acompanhamos então, o processo de criação, desde uma primeira reunião em que o dispositivo de filmagem é explicado, passando por exercícios, leituras do texto, ensaios e apresentações (por assim dizer), cujo espaço cênico se incorporava ao galpão e seus objetos. Ainda assim, por mais definidos que os espaços pareçam estar, há momentos em que nos perdemos no emaranhado de ficção e realidade.

“As Três Irmãs” gira em torno de uma família, a princípio composta pelas três: Olga, Irina e Masha e o irmão mais novo Andrey, que tiveram que se mudar de sua cidade natal, Moscou e agora, em meio à solidão e infelicidade de suas novas vidas nessa cidade do interior, relembram incessantemente um passado (idealizado) que era melhor e mais feliz e urgem por voltar. A forma de trabalho escolhida por Enrique Diaz é ligada à memória. Falar sobre uma lembrança forte do passado, admitir uma inquietude presente, criar uma história através de fotos, dentre outros exercícios.

Assisti ao filme um pouco tardiamente. Digo tardiamente porque, infelizmente, filmes brasileiros sem forte apelo comercial não se mantêm muito tempo em cartaz e, se muito, ficam pendurados na programação do circuito por um ou dois horários perdidos no mar do cinema mainstream. Mas antes tarde do que nunca!

Ouvi algumas opiniões e reparei que as pessoas se dividiram entre as que amaram e as que detestaram o filme. Então resolvi, como sempre acho que deve ser feito quando há polêmica, expectativas e dúvidas, ir conferir por mim mesma.

Mais uma vez, me imergi no universo libertário de Coutinho que expõe seu dispositivo desde o começo e desconstrói não só a linguagem do documentário, mas também, a do teatro agora. Isso, juntamente à inventividade de Enrique Diaz e ao talento dos atores, resultou num filme surpreendente.

Apesar de não ser sua preocupação central, não posso deixar de realçar o fato de “Moscou” ser uma (não) montagem de um texto teatral que funciona na linguagem cinematográfica, o que é inédito para mim. Filmar teatro é como tentar filmar uma partida de futebol para ser assistida depois (ou seja, uma partida de futebol filmada para gerar interesse a partir de si mesma). É difícil criar o ritmo certo, saber onde pôr a câmera, escolher os ângulos e os cortes. Entretanto, a mistura de diversos elementos como:

  • a desconstrução narrativa proposta pela montagem de Coutinho e Joana Berg, juntamente à discussão que geram em relação a linguagem documental,
  • a forma do grupo galpão, que vem desenvolvendo há 27 anos um teatro de pesquisa e tem como prática convidar diferentes diretores,
  • a proposta, já explorada pela Cia dos Atores (liderada por Enrique Diaz) de abrir o espaço cênico para que o espectador possa acompanhar os processos evolutivos de criação e a prática de incorporar objetos pessoais em cena,
  • o texto incrível de Tchecov,

- geram uma apropriação encantadora por parte deles e uma forte fruição poética, que pode vir a ser perturbadora e/ou deslumbrante nos espectadores.

Aproveitando a deixa para exemplificar tal apropriação, menciono dois momentos que se seguem formando uma combinação incrível! Um ensaio onde estão todos sentados em torno da mesa, exceto os dois em cena e presenciamos uma idéia sendo desenvolvida. E logo depois a realização desta idéia já com outros elementos incorporados, como a canção de Roberto Carlos e a escuridão.

Não posso falar sobre minhas impressões fora de meus próprios conhecimentos, então comento como alguém que já havia visto a peça. Digo isso, porque talvez eu tenha tido mais “facilidade” em identificar as cenas que estavam no texto ou não. Mas posso dizer que isso não diminuiu nem um pouco minha experiência e nem acho que essa fosse uma condição para o público alvo pretendido pelo filme. Creio que a discussão vai além da identificação de “verdade” ou “ficção”. Não há mais essa distinção, tudo é teatro, tudo é verdade e mentira. Assim como o documentário que nos propõe um dispositivo aberto, mas que claramente esconde informações ou provoca diferentes percepções através da edição e das escolhas de cenas que veremos na montagem final.

Nada é por acaso. As decisões de montagem, os planos em que o microfone e a câmera nos são mostradas, direcionando nosso olhar ou o fato das apresentações serem embrenhadas naquele espaço dúbio de ensaio e espetáculo, de camarim e palco fazem parte dessa criação coletiva, que nos leva a pensar e refletir conceitos enraizados.

Mais uma vez, o dispositivo está lá, assim como os jogos e os enganos, mas o importante não é o universo criado? Não são as sensações geradas a partir do que estamos vendo? Não é a história que está nos levando?

“Moscou” não te dá respostas, mas gera perguntas. Um filme sem finalidade determinada e sem forma fechada. Um documentário que cria, documenta e se reinventa, como não poderia deixar de ser.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Festival CineMúsica






Saindo do Rio sexta feira, às duas da tarde, concomitantemente a vários cariocas ávidos por aproveitar o feriado prolongado e dar uma merecida escapadela, passando por Piraí, Barra do Piraí e outros enfim, a viagem de quatro horas me trouxe a Conservatória, cidade sede do Festival CineMúsica.

Em sua terceira edição, o Festival, mais uma vez, prestigiou e homenageou nomes importantes da história do som no cinema brasileiro, atual e de outrora. Nomes como Carlos de la Riva, Juarez Dagoberto e Ricardo Reis são alguns dos que figuraram os prêmios e homenagens da sessão de abertura na sexta feira à noite.

Além de cinema e música, o evento trouxe também, através da parceria com o Senac, um setor gastronômico com degustações e aulas de culinária abertas para o público.

A estrutura do festival contou com a sala de cinema itinerante CineTelaBrasil, montada no fim da rua principal, ao lado de vários barzinhos e uma charmosa praça; uma reprodução do Cinema Metro Tijuca com 60 lugares construída pelo cinéfilo delegado da cidade e entusiasta do CineMúsica, Ivo Raposo, e um palco na Praça Central, equipado com duas telas de tamanhos diferentes, onde as atividades de dança e apresentações se desenrolaram.

Conservatória não é uma cidade convencional. Conhecida como a capital mundial da seresta, a cidade turística é talvez a única que conheço que fecha durante a semana. Pousadas, lojas, comércio funcionam de sexta a segunda. Se você estiver querendo um lugar pra ficar entre terça e quinta, vai encontrar sérias dificuldades. Mas bizarrices de lado, o clima era de festa. Todas as sessões foram gratuitas e contaram com a participação de pessoas de todas as idades.

Hernani Heffner, curador da mostra, chama atenção para o fato deste ser o único festival nacional voltado ao universo do som no cinema, área muitas vezes negligenciada, escondida pelo glamour da fotografia, do roteiro ou da direção.

O som é um aspecto que muitas vezes passa despercebido pelos espectadores, exceto quando há problemas na exibição, na legibilidade dos diálogos, ou dessincronização. Dessa maneira, quando mais difuso e incorporado à narrativa, menos notado ele é. Em sua totalidade, desde ruídos imperceptíveis e foley à mixagem geral, dividida em múltiplos canais, a trilha acaba sendo vista como um simples acompanhamento e não uma segunda forma de expressão, que não só complementa, mas adiciona significado a linguagem visual. Ademais, muitas pessoas não entendem que a captação do som envolve um processo todo diferenciado da captação das imagens. Cada um depende de regras e tecnologias diferentes e seus técnicos passam por desafios diversos.

Não só esses quatro dias foram uma oportunidade de se assistir os filmes e pensar sobre o tema, como também de discutir e aprender através de debates e entrevistas.

Juarez Dagoberto, ganhador do Troféu Personalidade Sonora deste ano, técnico de som desde a década de 50 e ativo até hoje no mercado, nos contou um pouco sobre suas aventuras ao longo destes anos, incluindo uma experiência quase morte nas filmagens de Fitzcarraldo com o diretor alemão, Werner Herzog. Através de suas histórias pudemos conhecer um pouco mais sobre detalhes técnicos, a evolução nos processos de gravação e mixagem e mudanças estéticas, e desmistificar algumas fortes críticas ao som no nosso cinema. Nos revelou que a causa de problemas de abafamento do áudio, dentre outros, seriam as próprias salas de exibição, não bem equipadas ou com materiais envelhecidos e mal cuidados, não permitindo a melhor percepção possível do trabalho da equipe de som.

O filho de Carlos de la Riva também compareceu para nos relembrar a vida de seu pai, que mudou os rumos da qualidade do som no filme brasileiro.

“Chamar profissionais da área é algo muito pouco prestigiado. Essas são pessoas com ensinamentos técnicos e expressivos que nos permitem compreender os desafios de diferentes épocas e assim, também, os processos criativos desde antes até hoje. É uma forma de eternizar a vivência desses artistas com carreiras de dezenas de anos e uma oportunidade de sabermos não só detalhes técnicos como a história de filmagens e suas dificuldades”. Ruy Gardnier – Assistente e Auxiliar de Curadoria

Houve ainda uma discussão sobre o pólo de produção cinematográfica em Barra do Piraí e uma leitura seguida do lançamento do livro Nas Trilhas do Cinema Brasileiro, apegado de textos de oito estudiosos do ramo, que tentam esclarecer questões importantes e fazer uma cronologia da trilha no nosso cinema através das décadas.

Alguns dos pontos altos da programação foram a apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, que lotou a praça central e fez muita gente dançar o baião das composições de Guerra Peixe; o documentário sobre a banda Mamonas Assassinas, que reuniu fãs e curiosos; o documentário emocionante sobre Arnaldo Baptista (Lóki) e as sessões infantis “Os Porralokinhas” e “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes”.

O mais recente documentário de Lírio Ferreira, “O Homem que Engarrafava Nuvens”, gerou deliciosas discussões e emocionou pela sua capacidade de abarcar grandes momentos de nossa cultura através do baião e da vida de Humberto Teixeira. Um filme que vale a pena ser visto quando estrear nas salas de cinema.

A programação completa pode ser encontrada no site: http://www.festivalcinemusica.com.br/

Este ano provou ser mais um ano de consolidação do Festival, que promete continuar e tentar melhorar cada vez mais, mostrando filmes de boa qualidade e trazendo a tona o tema do som, de forma tanto analítica como poética.