quarta-feira, 28 de maio de 2008

De Corpo e Alma

Começou ontem, dia 27 de maio, no CCBB do Rio de Janeiro, uma mostra com todos (ou quase) os filmes do memorável diretor de cinema, Robert Altman, que morreu em novembro de 2006. Muitos deles são inéditos no Brasil e quase todos em película. Uma oportunidade única para quem quer conhecer um pouco mais o trabalho deste, que era um sensível investigador das emoções humanas. Altman era um diretor de atores, de personagens.

Hoje fui ver o penúltimo filme dele (2003), traduzido para o português como “De corpo e alma”. Em inglês, um nome muito mais apropriado “The Company”.

Um pouco como Fellini, em “Ensaio de Orquestra”, este filme me pareceu uma homenagem à profissão artística, podendo esta ser a dança ou a música orquestrada, equiparáveis ao cinema. A questão do trabalho em equipe, dos contratempos, do ensaio mesmo. Todas aquelas pessoas, aqueles equipamentos, TUDO e TODOS trabalhando em uníssono para que o resultado final seja como o esperado.

“The Company” é um filme simples. Trata da realidade de uma cia de dança e tem como fio condutor dois personagens:

Loretta (Neve Campbell) – dançarina desde pequena que sonha em ter papéis mais centrais, ama o que faz e tem que trabalhar como garçonete para se manter.

Sr. A (Malcolm McDowell) – dono da companhia, que parece irritar a todos com suas decisões unilaterais, mas acaba fazendo tudo funcionar. Chega para observar os ensaios em sua cadeira branca, como quem não quer nada, e acaba opinando em toda e qualquer coisa.

O filme é constantemente perpassado por ensaios, pequenas situações das vidas pessoais de alguns, mostrando convivências, afinidades e desafinidades, etc e, claro, as apresentações. Sejam elas solo, em dupla ou com o grupo todo.

As apresentações de dança são lindas e muito bem filmadas. Há planos de diversos ângulos e a edição soube montá-los de forma fluida e sem incômodos na imagem, nos mostrando de forma privilegiada o que estava acontecendo no palco. Todas belíssimas. São como pequenos momentos em que o mundo pára. Em que a realidade dá lugar à fantasia e tudo é bom. Eu saí do cinema querendo ser dançarina. Ser leve e forte ao mesmo tempo. Saber flutuar.

Dentre as muitas deliciosas músicas que ouvimos ao longo do filme, estas fazendo ou não parte dos repertórios das danças, a canção “My Funny Valentine” é um ótimo pano de fundo em diversas partes. Ilustra principalmente as situações amorosas da protagonista.

Neve Campbell está ótima e faz um belo trabalho como dançarina. Alguns podem não saber, mas ela já fez parte de uma companhia de dança quando era mais jovem, mas largou devido a machucados. Sua participação no filme foi muito além de mera atriz. Neve teve a idéia original da história e desenvolveu o roteiro com Bárbara Turner. Além disso, ainda foi uma das produtoras de “De corpo e alma”.

James Franco faz bem o papel de par romântico e está uma graça. E McDowell, lembrado sempre para mim como Alex, de Laranja Mecânica, rouba a cena com seu jeito mandão e autoritário ainda que gentil e simpático. Perdoamos sua antipatia pelo amor que ele tem pelo que faz.

Em relação ao desenvolvimento da narrativa, é muito bom poder identificar os problemas de relacionamento entre mãe e filha, um casal se apaixonando, um desconforto entre uns e outros, inveja ou contentamento apenas através dos olhares. Como sempre, nos filmes de Altman, observamos várias pessoas, mas sem necessariamente nos aprofundarmos nelas. Ficamos sabendo de pequenos pedaços de suas vidas e isso nos basta. É como se por duas horas estivéssemos com elas. A tela está sempre repleta de gente expressando emoções e sentimentos. Pesca quem quiser. Quem souber prestar atenção.

“The Company” é uma de suas últimas obras, que parecem mesmo uma despedida deste diretor, que morreu aos 80 anos, após ter dirigido mais de 40 filmes. É lindo observar essa história, que mostra de modo muito real a vida dessas pessoas dedicadas ao que fazem, que se sacrificam todos os dias pelo amor à arte.

Uma declaração de amor à arte. Uma homenagem simples, direta e sem grandes ornamentos desnecessários àqueles que se jogam de cabeça na profissão artística, ou melhor, que se jogam nela de corpo e alma.

domingo, 25 de maio de 2008

Minha volta de São Paulo

Voar
ver as formas, ver as bordas
ver caminhos luminosos, continuidades antes fragmentadas quando vividas

crianças perguntam pros pais: cadê o avião?
"devido a BLA BLA BLA o embarque do vôo 2347 será feito às 18 horas"

esperamos....

aeromoça -qual o seu nome?
menininho -paçoca
aeromoça -não, qual o seu nome de verdade?
menininho -PA-ÇO-CA
o choro do mais velho leva ao choro do mais novo, no colo do pai

"passageiros de 1 a 12, por favor formar uma fila na direita..."

o ouvido fecha, faz TUM um tampão
engulo saliva. volto ao normal. por alguns segundos apenas.
hora do lanche. vejo o carrinho chegando,
sempre demora mais do que a imagem dele na minha frente
olho na janela. breu.
uma luz, de um navio.
um cruzeiro talvez? indo para as Bahamas? Aruba?
TUM novamente
o gelo já derreteu e tornou meu guaraná aguado
pessoas com família, pessoas solitárias
algumas lêem, outras conversam, outras dormem
minha língua ainda dói , sensível por causa do capuccino (pré vôo)
agora vejo vários navios. 9 pra ser exata.
TUM! ai meu ouvido!
vejo as estrelas...
um parque de diversões...
luzes da cidade...
aterrisso.
acordo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

I'm not there


“I’m not there” é pura poesia, pura canção, pura arte. É a busca por uma verdade e uma pessoa que não existem. É a constante mudança de alguém que não está lá.

O novo filme de Todd Haynes segue um caminho já iniciado por ele em 1998 com Velvet Goldmine. O estilo de biografias indiretas relacionadas ao mundo da música está presente também neste precursor, filme pelo qual Haynes ficou mais conhecido. Velvet Goldmine tinha como contexto a época do Glam Rock (anos 70) na Inglaterra e como maior inspiração e fio narrativo, David Bowie e suas diversas fases artísticas, mas misturando suas histórias com as de outros ícones da época como Loud Reed, Iggy Pop, Brian Ferry, dentre outros. Já esse, traduzido para o português como “Não Estou Lá” se inspira nas histórias, nas canções e na vida de Bob Dylan.

Sua personalidade é dividida, ou melhor dizendo, compartilhada por seis personagens. Logo na cena inicial estes são caracterizados por uma ou duas palavras apenas, mas no fundo tais adjetivos se encontram e desencontram por meio de todos eles:

O impostor - Um menininho negro (Marcus Carl Franklin) que aparenta mais velho pelo seu discurso e por sua grande habilidade de tocar o blues. Este aprende, em uma de suas viagens, que deve falar sobre seu próprio tempo, cantar sobre sua realidade. Tal momento é representativo da fase em que Dyaln era muito fã do cantor de blues Woody Guthrie, que no final dos anos 50, ficou gravemente doente, levando Dylan a visitá-lo num hospital em Nova Iorque.

O profeta - Um jovem sonhador e tímido (Christian Bale) que, com seu violão e sua gaita, homenageia o folk e cria músicas de protesto em meio a uma época de movimentos e acontecimentos decisivos no mundo. Momento em que o cantor se juntou a “rainha do folk” Joan Baez. Faz também alusão a um período, mais tarde, em que se converteu ao catolicismo.

A celebridade - Um ator mulherengo e grosseiro (Heath Ledger), mistura de Marlon Brando e James Dean, que tem um relacionamento conturbado com sua esposa e vive fugindo dos flashs. Fase representativa de suas pequenas participações no cinema, seu casamento seguido de divórcio e de seu acidente de moto.

A personificação do fantasma - Um cantor famoso e polêmico (Cate Blanchett), amado por alguns e detestado por seus antigos fãs, que acreditam terem sido traídos quando este mudou de estilo e temática. Momento em que Dylan mudou de folk para rock, com cenas fortemente inspiradas no documentário de 2005, dirigido por Scorcese “No Direction Home”. Parte também que exalta as dificuldades do artista com a mídia.

O poeta – Jovem (Ben Wishaw) que se denomina Arthur Rimbaud, narrador onisciente da história.

O fora da lei - Um herói popular tentando fugir do mundo e de seu passado. Esse personagem, interpretado por Richard Gere, faz alusão a alguns papéis interpretados por Bob no cinema e também a sua fase mais “escondida”, em que ele se isolou um pouco do mundo.

Todas essas histórias e pessoas completamente diferentes se juntam de maneira brilhante em apenas uma narrativa perfeitamente entrelaçada. Elas conseguem manter um ótimo ritmo e se infiltrar umas nas outras de modo equilibrado e inteligente. Tal habilidade faz um filme de duas horas e quinze minutos passar leve e despercebidamente.

A fotografia é outro mérito de “Não estou lá”. Seja qual for a história, com seu visual específico (documentário com narração e declarações de amigos e familiares, filmes do movimento “cinema direto” dos anos 60, ambientes rurais e cidadezinha bizarra, etc); os planos, a mistura de 16 com 35mm, as cores, o granulado, o preto e branco são lindos. Pode-se sentir a admiração pela temática e o tesão do diretor em realizar o filme a cada cena, cada travelling, cada encaixe de montagem e cada canto da imagem, preenchendo TODA a tela com sua lente anamórfica.

A trilha sonora é fantástica. Com músicas do cantor, interpretadas por ele e outros artistas, muitas vezes pontuando épocas e ajudando a narrar acontecimentos.

As atuações estão incríveis, destacando-se o desempenho de Cate Blanchett, que parece ter encarnado o cantor, desde o caminhar e os trejeitos até a voz e o sotaque.

Outro fator interessante são algumas discussões pertinentes que surgem: qual a validade de uma canção? Pode ela mudar o mundo? Ou então, uma música de protesto precisa ter literalmente uma causa? Ou basta ser sincera e verdadeira? O que é ser alguém? Somos os mesmos todos os dias? Essa e outras questões permeiam “I’m not there”, nesse que é uma das melhores cine-biografias do cinema. Mais uma vez Todd Haynes conseguiu humanizar um ídolo das massas e aproximá-lo da realidade do nosso dia a dia.

Os fãs do astro vão encontrar pequenas citações como fatos, capas de disco e respostas de entrevistas em todos os cantos do filme. Reconhecerão cenas, nomes e vozes. E se regozijarão com tamanha compreensão e sensibilidade do diretor ao contar sua(s) história(s).

E aqueles que não o conhecerem muito bem, vão ficar curiosos e se sentirão arrebatados por essa vida tão cheia de vida e essa personalidade tão cheia de personalidade que foi, é e será Bob Dylan.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Speed Racer

Speed Racer é um filme dos Irmãos Wachowski. Saber disso poderia ser irrelevante, mas nesse caso não é. A estética, o ritmo e os efeitos são claramente produtos das mesmas mentes criativas que inventaram Matrix.

O visual é uma mistura de desenho japonês, Andy Warhol e um gigante caleidoscópio. Muitas cores vivas e cenários surreais ajudam a criar uma outra realidade. Tal realidade é tão distinta da nossa ou de qualquer outra vista no cinema, que facilita a credibilidade e a crença na história e nos personagens que ali se desenvolvem.

A decupagem dos planos é visivelmente baseada no desenho que deu origem: muitos planos próximos, transições de cenas e de situações em que a câmera gira em torno do personagem ou simplesmente este passa de um lado para o outro da imagem enquanto um panorama do momento é narrado. O timing é bastante similar ao dos desenhos japoneses antigos, com drama e cenas de luta intercaladas por comédia.

A forma de atuar mantem os padrões meio exagerados e previamente estabelecidos. O figurino, os penteados, a maquiagem e até mesmo os ícones midiáticos como o desenho que o filho mais novo assiste junto ao seu macaco, TUDO tenta se aproximar ao máximo da própria forma dos personagens daquela época.

Os vilões são bem caricaturais, marcados por elementos típicos desse tipo de personagem presentes nas histórias dos anos 60. Gângsters mafiosos com suas metralhadoras, tommy guns, cicatrizes, sorrisos tortos, reações extremadas, etc.

Um dos maiores trunfos do filme é conseguir manter a ingenuidade do personagem e a leveza da história. O romance é bem desenvolvido sem muitas “frescuras” que filmes de heróis costumam ter, as cenas de beijos são constantemente interrompidas por elementos cômicos, assim como as de violência, os corredores que são jogados para fora da pista aparecem protegidos por um sistema que produz espumas por todo o veículo, os vilões, como já foi dito, são fáceis de se identificar, o que nos leva a concluir que é sim um desses filmes em que o mau é mau e o bom é bom, totalmente coerente com a linguagem usada.

As cenas de luta são mais uma peculiaridade que vai de acordo com o ritmo que já mencionei, balanceadas com momentos cômicos e golpes que vão desde os geniais aos mais fortuitos e improváveis. Uma seqüência inesquecível é a dos Ninjas incompetentes. Já as cenas das corridas são emocionantes e absurdas, com direito a frases de efeito de um Speed mais forte e determinado já pra meados do filme.

As falcatruas dos carros, as linhas de movimentos que dão noção de velocidade durante as corridas, as paisagens naturais inusitadas pelas quais os carros passam, os caminhos “tortuosos”, as comemorações entusiasmadas, dentre outros elementos, são todos perfeitamente compatíveis com as do anime criado nos anos 60 por Tatsuo Yoshida.

A trilha sonora tem a presença constante da música tema de Speed Racer “Mahha Go! Go!! Go!!!”, ou pelo menos, extratos da mesma espalhadas pela narrativa.

Apesar de todos os elementos cômicos, há também um drama genuíno.
Os atores ajudam a dar veracidade e sentimento a família Racer, desde a bela cena de sua mãe, Susan Sarandon dizendo que o que ele faz é arte e não apenas um esporte até o seu pai, John Goodman redescobrindo a alegria de viver através de uma noite de nostalgia com Speed ainda pequeno assistindo a uma velha corrida. Christina Ricci está formidável e idêntica a Prixie, com seus grandes olhos expressivos e sorriso encantador. Até mesmo o menininho, irmão mais novo, interpretado por Paulie Litt está muito bem como o personagem mais engraçado que se mete em confusões com seu chimpanzé “de estimação”. Matthew Fox está bem diferente de seu papel em Lost e talvez por isso e por ter poucos momentos no filme em que mostra seu rosto inteiramente, tenha tido espaço para mostrar uma boa atuação, conseguindo se distanciar desse recente personagem estigmatizado. Sua voz, na verdade, é o que dá mais força e caráter a seu personagem.

A linguagem narrativa é, para minha surpresa, rebuscada, com flashbacks mal explicados em que o espectador tem que prestar atenção para entender e reviravoltas não esperadas.

Para os mais fãs, há seqüências memoráveis. Desde a saída de Speed do carro exatamente igual à cena final da abertura do desenho animado até o hiper rali que segue o mesmo espírito da animação, atravessando climas e paisagens completamente diferentes, passando por dentro de montanhas, etc. Apesar de haver algumas modificações, como as pistas que parecem mais montanhas russa; os elementos todos do original estão lá, desde os já mencionados, até locutores super entusiasmados e pequenos detalhes como os closes nas ações dentro do carro ou as cenas das batidas.

Um filme muito bom, porque sabe não se levar a sério demais. Equilibra muito bem drama, comédia, cenas hiperbólicas de corrida, romance e emoção. E além de tudo ainda tem uma mensagem bonita. O que mais eu poderia querer?

My Blueberry Nights

Um Beijo Roubado

O filme mais recente de Wong Kar Wai é “Um Beijo Roubado”. Mais conhecido no ocidente pelos filmes “Amor à flor da pele” de 2000 e “2046” de 2004, o diretor vem mais uma vez nos presentear com um filme autoral, uma linguagem instigante e uma, ou melhor, algumas histórias de amor.

Resumindo, a temática do filme está em apenas uma frase dita por Norah Jones num momento crucial e genial “At the end of that night, I decided to take the longest way to cross the street”.

Para aqueles que já conhecem o trabalho de Kar Wai há um tempo, os símbolos de sua cinematografia ficarão bastante evidentes logo nos primeiros 10 minutos de filme. Eu gostaria de comentar alguns desses elementos:

A fotografia – como sempre, muitas cores. Cores quentes e tons fortes. Primordialmente vemos as cores primárias da luz: azul, verde e vermelho. Há também muito amarelo. Para os que não sabem, aqui vai uma cultura inútil, luz verde mais luz vermelha dá em luz amarela. =)

Enfim, voltando à fotografia, há os casos de câmera lenta, onde os personagens normalmente estão passando por momentos de intimidade, de subjetividade ou de observação. Granulado constante, principalmente nas cenas à noite. Os planos são regularmente alternados entre closes e planos próximos, o que gera bastante proximidade com os personagens. As pequenas ações, detalhes importantes para a trama, também são filmadas em close. Provavelmente a lente usada em muitas dessas cenas foi uma objetiva com distância focal maior, o que gera menor profundidade de campo, ou seja, um foco mais “exigente”. Para exemplificar melhor o que quero dizer, nas cenas de close, os personagens em questão ficam em foco e todo o fundo, por mais próximo que seja, vira borrado, fica fora de foco, gerando um lindo efeito.

Os personagens estão constantemente iluminados por duas ou mais luzes ao mesmo tempo. A câmera normalmente tem algum objeto entre si e o ator, como eu gosto de chamar: elementos que vêm antes da imagem. Alguma separação. Algo que a distancia e acaba gerando um distanciamento entre aqueles inseridos na história. Nesse campo ainda, como em seus outros filmes, muitas vezes vemos a ação através de um meio qualquer, seja um espelho (não nesse), vidros, uma câmera que se rejeita a funcionar, etc. Além disso, esses vidros ajudam a dar uma ligeira deformação aos personagens.

Agora indo para outros elementos também muito característicos desse diretor chinês:
Há o movimento interno e o externo. O relógio (normalmente grande, redondo e com néon nas bordas), as inserções de imagens de trens passando velozmente, entre outros ajudam a marcar bem essa distinção. É como se dentro do bar de Jeremy (Jude Law) ou quando Elizabeth (Norah Jones) está sentada escrevendo uma carta dentro de um bar em Memphis, fosse um tempo só deles, mas assim que se pisa fora disso, ficaríamos submetidos ao tempo do mundo.

Essa noção de tempo em si é muito importante. Além dos relógios e dos símbolos de efemeridade, há o problema de sono de Elizabeth, que troca o dia pela noite. A noite em si é o horário preferencial de Kar Wai para desenvolver as ações e os personagens.

Já o espaço é muito bem construído para que não necessariamente o identifiquemos como aqui ou ali. Só identificamos que é uma grande cidade, já que os interiores e as fachadas de bares com, mais uma vez, suas luzes néons é que acabam dando o tom do lugar.

Objetos são determinantes para moldarmos os personagens e identificarmos suas características. Sejam as chaves num pote de vidro, as “chips” do grupo A.A., um carro jaguar ou a conta não acertada de um bar. Há também algo simbólico, alguma imagem que resume um pouco o significado do filme, como as cachoeiras em “Felizes Juntos” ou as palmeiras em “Dias Selvagens”. Nesse filme é o plano detalhe de blueberry com o que provavelmente é sorvete de creme escorrendo. E para terminar essa enumeração de elementos “wong kar wainianos” estão as mulheres histéricas. Lindas e vulneráveis. Fortes e dependentes.

Ok. Vamos aos atores. A direção de atores está fantástica! Rachel Weisz está lindíssima e em uma de suas melhores atuações. David Strathairn está ótimo, como sempre. Para quem lembra de seu papel em “Boa noite, Boa sorte”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, ele está bastante diferente, mas com a mesma impecabilidade. Natalie Portman está muito bem, se mostrando cada vez mais amadurecida e versátil em seus papéis. Jude Law, que normalmente é um pouco canastrão, está também muito bem, vulnerável até, como o dono de bar solitário. E claro, Norah Jones, que nunca tinha atuado antes, conseguiu convencer como a mulher histérica traída que passa por mudanças pessoais ao longo de sua viagem por auto descoberta.

A trilha sonora está linda. Como sempre, muito bem pensada pelo diretor para dar o clima certo à história e com músicas tema que são repetidas ao decorrer do filme, suscitando emoções e definindo personagens. Algumas delas são da própria Norah. Há também outras surpresas agradáveis como “Yumeji’s Theme”, de Amor à Flor da Pele; Try a Little Tenderness, de Otis Redding; Living Proof, de Cat Power, dentre outras. Não só a trilha de músicas usadas, como os sons que permeiam o filme são cuidadosamente pensados. Seja o barulho do trem passando, evocando sua imagem, seja o som de tempestade se formando ao longo da conversa entre Beth e Sue Lyn.

A direção de arte é incrível, como de costume, ajudando a combinar as cores e os objetos de maneira brilhante.

Em contraponto a todos os meus elogios, consigo entender aqueles que criticam o “Um Beijo Roubado” com argumentos de ser mais leve, mais palatável, mais piegas talvez e menos próximo da direção que tomaram seus outros filmes. Entretanto, acho isso demonstração de conservadorismo, ou no mínimo, falta de sensibilidade pra apreciar esse caminho diferente, mas ainda com um olhar próprio do diretor, autêntico e lírico. Acho sim que pode ter havido alguma dificuldade em passar de uma história a outra sem nenhum percalço ou em assumir o estilo “road movie” que ele suscita, mas não completa. Porém, creio que esse não era exatamente o objetivo de Wong Kar Wai, já que sua intenção é mostrar mais os interiores que as paisagens. E a outra questão não tira de forma alguma o mérito das histórias, pois estas conseguem manter um bom link entre elas: a personagem observadora de Norah Jones que precisa das mesmas para aprender e evoluir.

Enfim. Um filme bonito, inspirador, que me fez suspirar. Um desses filmes que me faz querer fazer cinema. Um filme sobre o amor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Irina Palm

Irina Palm é um filme sobre uma mulher viúva, em seus cinqüenta anos, que vivendo uma vida pacata, vazia, costumeira, sem grandes acontecimentos e conservadora, vê sua família em dificuldades. Uma doença rara acomete seu neto e exige um tratamento específico e caro. Felizmente os médicos conseguem colocar o menino num programa de tratamento gratuito, mas na Austrália. O que significa que os gastos de viagem e hospedagem terão que ser pagos pela família. Para piorar a situação, tempo é algo crucial para a vida do menininho. Num prazo de algumas semanas, será tarde demais para este poder viajar.

A partir daí, essa mulher, que até então “não sabia fazer nada”, como dizem suas “amigas”, tem que se virar pra conseguir esse dinheiro seja lá onde for. Após vários empréstimos recusados, tentativas frustradas de emprego e decepções, ela entra num local que diz necessitar urgentemente de secretária. Atordoada, Maggie (nome da personagem que mais tarde será conhecida como Irina) entra, para só depois descobrir que aquele era um local de homens (clube de strip e coisitas mais...) e que secretária era eufemismo para, com o perdão da palavra, punheteira.

Apesar da temática sugestiva, o filme se mantem sem grandes cenas explícitas ou de “mau gosto”, o que além de interessante e mais rico para o filme, vai de acordo com a própria personagem, que faz, mas não vê completamente. Às vezes, e principalmente no início do filme, este se torna um pouco lento, arrastado, mas a entrada dela nessa nova vida dá uma sacudidela em ambos, filme e personagem.

Maggie passa a se apreciar mais, se valorizar, mesmo que de uma forma inesperada. O que começa como algo nojento e degradante, passa a ser uma profissão capaz de lhe dar um bom dinheiro e uma função na qual ela é muito boa. Seu novo dia a dia a afasta de suas antigas amigas, mulheres esnobes e preconceituosas com quem passava a maior parte de suas tardes.

A fotografia é escura, indo de encontro com a vida incolor daquela família classe média baixa em crise, aquela sociedade meio decadente em que avós e mães de família têm que se rebaixar a funções cretinas para sustentar ou ajudar seus entes queridos.

“Irina Palm” consegue se manter razoavelmente neutro, ou melhor, não julga moralmente as decisões de Maggie, deixando para o espectador determinar se tais atitudes são certas ou erradas. Há uma ambigüidade interessante: ao mesmo tempo em que nos enojamos e sentimos pena dela, empatizamos com sua situação, entendemos suas motivações e até mesmo apreciamos certas reviravoltas em sua vida.

O filme apresenta um panorama triste dessa cidade londrina: tanto seus pós-aristocratas conservadores medíocres quanto seus neo-operários patéticos dão uma noção escura aos seus arredores. Entretanto, consegue dar um “glimpse” de esperança, havendo situações cômicas e até mesmo um relacionamento envolvente entre “Irina” e seu “cafetão”.

Se o filme soubesse explorar melhor os tempos vazios, seria melhor, creio. Mas do jeito que está já é uma história que vale a pena ser vista.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Alerta


Bom dia pessoal! Agora, vou usar meu blog pra divulgar meu curta, O Alerta. que vai passar no XI VIDE VÍDEO. sexta feira agora (16/05) às quatro da tarde e sábado (17/05) na Casa França Brasil no mesmo horário. Espero que todos vão. Os que já viram pra rever e os que não viram pra me dar esse prazer =)

Mais tarde hoje devo estar postando outra resenha de filme ;)
Beijos!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Run Fatboy Run


Primeiro filme dirigido por David Schwimmer, ator famoso por seu papel de Ross no seriado americano Friends, é uma comédia romântica que se passa na Inglaterra.

O tema é comum. Homem tem que superar obstáculos para conseguir provar a mulher de sua vida que merece o seu amor. Há algumas diferenças, mas no geral, o filme segue os mesmos clichês de sempre: o outro pretendente que vai disputar a mocinha se revela aos poucos não tão legal e perfeito como se imaginava, a motivação que vai surgindo aos poucos no protagonista “loser”, os personagens secundários que acabam sendo mais engraçados que os principais, etc. Apesar das repetições, “run fatboy run” consegue divertir e fugir das soluções mais fáceis em alguns momentos.

Simon Pegg interpreta Dennis Doyle, o perdedor que precisa superar seus erros do passado e suas dificuldades para mostrar para a antiga namorada que mudou. Ele está ótimo no papel. Como sempre, consegue manter o equilíbrio entre o meloso romântico e o cômico. Thandie Newton está simpática no papel de “mulher-troféu” a ser disputada entre os dois pretendentes. E linda, como sempre. Hank Azaria também faz muito bem o papel de partido perfeito que eventualmente mostra suas falhas. Mas o melhor é Dylan Moran, que interpreta Gordon, o melhor amigo, mulherengo e “gambler” que aposta no sucesso de Dennis por interesses próprios.

A trilha sonora é animada, com vários sucessos da música inglesa. A fotografia é simples, típica desse gênero: planos médios e conjunto para mostrar as ações, mas do que qualquer outra coisa e cores vivas ainda que com o visual austero mais “clean” de Londres. Muitas das piadas são previsíveis e em vários momentos a música com função dramática surge para emocionar os espectadores. Entretanto, o bom desempenho dos atores, a distinção característica do modo de se levar a comédia, próprio dos ingleses e o espírito alegre do filme dão-lhe crédito e força para agradar ao público em geral.

Para aqueles que conhecem os antigos trabalhos de Simon Pegg como “Shaun of the dead” ou “Hot Fuzz” não vão esperando o humor mais ácido, certeiro e cheio de citações, presente nessas outras obras. O filme está longe disso, mas Pegg, com sua atuação e pequena participação no roteiro já conseguiu dar um diferencial do humor de comédias românticas americanas para essa. Enfim, “Maratona do Amor”, como foi (terrivelmente) intitulado em português, é um filme bacana que vai conseguir proporcionar boas risadas e até mesmo uns ciscos nos olhos ;)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sonho de Cassandra

“Sonho de Cassandra”, filme de Woody Allen mais recente a estrear no Brasil, é inteiramente baseado na ironia. Na ironia da vida e do destino. Neste sentido, o filme segue a linha de “Match Point”.

Em “Match Point”, um jovem ambicioso, instrutor de tênis, entra em ascensão quando se casa com uma mulher rica. Apesar de sua mais nova posição adquirida na alta sociedade, ele não se vê satisfeito e conquista uma moça irresistível, freqüentadora do grupo de amigos da família. Tudo parece estar indo bem, até que ele engravida a moça e esta exige atitudes. Numa decisão drástica, o personagem interpretado por Jonathan Rhys Meyers decide matá-la e ao fazê-lo, comete alguns erros que normalmente seriam fatais para sua descoberta como autor do crime. Entretanto, aí vem a ironia que prometi, ninguém descobre. Ele vira um suspeito sim e o chefe de polícia até mesmo sonha com o resultado certeiro, com a solução das investigações, mas mais uma vez isso é deixado de lado. Todos os grandes acontecimentos do filme dependem do acaso: a velha ser atacada, o anel que não cai no rio, e assim por diante.

Em “Sonho de Cassandra”, dois irmãos também ambiciosos se vêem endividados e pedem ajuda do tio rico, ausente, mas admirado e tido como o exemplo de sucesso da família. Apesar do tio já ter ajudado os “meninos” em outros momentos no passado, dessa vez será diferente. Ele pede algo em troca. Algo não tão fácil de se fazer.

Tudo ocorre em torno do acaso e da sorte. O irmão mais velho, interpretado por Colin Farrell vive apostando e passa o início todo do filme numa grande maré de sorte, até que o destino vira o jogo e ele se endivida mais do que poderia imaginar. Já o outro, interpretado por Ewan Mcgregor, conhece o que ele pensa ser a mulher de sua vida (que é por sinal custosa e interessada em estabilidade financeira) devido a um carro quebrado no meio da estrada. Há também o elemento do sonho e da loucura, representados pelo barco que os irmãos compram no começo da história, o qual nomeiam “sonho de Cassandra” em homenagem ao cachorro com o qual Terry (Colin Farrell) ganhou na corrida o dinheiro necessário para comprá-lo (sendo este nome e símbolo de sorte um dos elementos mais trágicos e irônicos da história) e pela crise nervosa pela qual o mesmo passará, o impedindo até mesmo de dormir direito.

Como em Match Point, essa almejada inserção na alta sociedade é um fator importante para os personagens, mas principalmente para Ian (Ewan McGregor), que finge ser alguém de sucesso, pegando carros chiques e caros emprestados da loja de mecânica onde seu irmão trabalha.

A trilha sonora de Phillip Glass gera o clima de tensão e expectativa convenientes a narrativa. A fotografia é escura, em tons bem londrinos, lembrando o clima “foggy”, o nublado constante, e o próprio caráter do filme de drama misturado com humor negro. Os atores estão ótimos.

Mais uma vez, do momento em que os protagonistas decidem seguir com o plano, nós acompanhamos as dificuldades impostas pelo acaso para que a ação se complete e a partir daí, quando tudo parecia ter dado certo, a consciência, ironicamente, intervem na história para gerar arrependimento e crises moralistas. Nesse processo vemos a decadência dos personagens, que passarão de “terem resolvido seus problemas” para “terem criado outros maiores ainda”.

“Sonho de Cassandra” é perturbador e excitante, pois podemos ver para onde o filme está se encaminhando, mas não podemos fazer nada. Enfim, Woody Allen, explora muito bem a ironia nessa história de humor negro, ambição, tropeções e tragédia.

domingo, 11 de maio de 2008

Estômago


Estômago

Mais um bom filme da safra brasileira. Mais um bom filme com João Miguel.

Estômago começa com uma longa apresentação de créditos, mas sem muitas informações sobre o passado do protagonista, Raimundo Nonato, apenas cenas dele andando por uma cidade não especificada, que poderia ser São Paulo, aparentemente perdido. Através dessas cenas e dos diálogos que se seguem, deduzimos que ele veio do nordeste sem muitos planos, mas querendo trabalhar e fazer uma vida na “cidade grande”. Essa falta de contextualização acaba sendo ótima para o desenrolar do filme, que se trata de...

... um rapaz recém chegado, sem ter para onde ir ou o que comer, que é acolhido de forma um tanto não hospitaleira por um dono de boteco, para quem devia algo em torno de quatro reais por causa de duas cozinhas de galinha que comeu sem ter dinheiro para pagar. Em troca de moradia e alimento, Nonato começa a cozinhar e limpar no boteco e inesperadamente desenvolve uma ótima mão na cozinha. Esse novo dom descoberto acaba o levando a um restaurante mais chique, onde o gerente vai ensinar-lhe algumas das maiores lições da culinária.

As cenas da vida pós chegada são intercaladas com imagens de um aparente futuro numa prisão, sem sabermos como ou porque Nonato foi parar lá.

A história é muito bem construída pela montagem paralela, onde o espectador vai descobrindo aos poucos quem é Raimundo Nonato, porque ele está na cadeia e em que direção ele está indo. Isso possibilita as descobertas da trama num bom ritmo, tempo suficiente para gostarmos dele, nos apaixonarmos por ele, por sua meiguice e sagacidade ingênua.

A trilha sonora é interessante, com momentos de deleite através de uma música lenta e meio brega que é repetida ao longo do filme.

Há elementos de fantasia, como as situações geradas pelo protagonista ao deliciar seus companheiros de cela, seu relacionamento com a prostituta Íria, o seu próprio desenvolver na cozinha, etc.

A fotografia é meio escura, sem muitas cores, a não ser as dos alimentos ou das exageradas relacionadas ao mundo da prostituição e da “noite boêmia”. Não há grandes “frufrus” fotográficos: a câmera na mão estável, planos próximos dos personagens muito bem pensados para a construção da história e de nossa identificação com os mesmos.

Há várias cenas de observação, em que a música sobe e podemos acompanhar o desenvolvimento da trama através das imagens ou cenas em que o personagem de João Miguel narra em off. Algumas dessas são geniais, como a que ele está chegando na cadeia, a que ele descreve seus companheiros e as vantagens do segundo beliche, dentre outras. E claro as “duas” cenas finais.

Um probleminha que senti foi que a atmosfera de que todos eram brutos e falavam palavrões não me convenceu. Achei um pouco forçada essa tentativa de tornar TODOS durões e mal educados. Principalmente o personagem do gerente do restaurante, que tenta de todas as formas parecer alguém que, apesar da posição social e da áurea em torno de ser dono de um estabelecimento respeitado, é grosseiro e com valores mesquinhos. Algumas piadas até ficam perdidas no meio dessa tentativa absurda. Não me convenceu. Os melhores personagens realmente são os prisioneiros, que contrariamente, conseguem manter uma ambigüidade coerente entre a personalidade durona e os momentos solidários e bem humorados.

A participação de Paulo Miklos não passa desapercebida e João, como já falei, está ótimo. Seu personagem vai crescendo nessa história fantástica, meio sombria, com momentos cômicos e de puro deleite.

Once


Once – Apenas uma vez

Um músico (de rua, no momento) desempregado que faz serviços de conserto e uma imigrante vendedora de flores que tocava piano em sua terra natal, a República Tcheca, se encontram ao acaso no meio de uma noite.

Ele, interpretado por Glen Hansard, está magoado por causa de seu último relacionamento e utiliza essa raiva de amor mal resolvido como inspiração para as músicas que está compondo. Ela, interpretada por Marketa Irglova, vive uma realidade difícil, com empregos rápidos e de baixo remuneramento, morando com a filha e a mãe e tendo deixado o marido no país de origem, ainda mantem de longe sua paixão pela música.

Este encontro fortuito une duas realidades bastante diferentes, mas que se aproximam através do fator comum, a música. A solidão e a vontade de se ajudarem para que possam gravar tais composições num estúdio, com tudo certinho, os aproxima e isto acaba dando brecha para o surgimento de um romance.

A estética é do filme independente que realmente é, filmado com apenas 160.000 dólares, durante 17 dias. Câmera na mão e digital, luz pouco manipulada, planos seqüência, etc. Tudo isso e a história despretensiosa ajudam a tornar o filme muito agradável e original.

Há várias sacadas geniais e momentos em que observar os personagens é tudo que queremos fazer. Uma das cenas mais bonitas é o plano seqüência de Marketa andando pra casa no meio da noite depois de comprar pilhas e ouvindo o discman que lhe foi emprestado por Glen ao mesmo tempo em que compõe uma das músicas.

Os atores são desconhecidos pelos olhos do público, mas se saem muito bem. Glen atuou no filme de 91 de Alan Parker, “The Commitments, Loucos pela Fama”, mas hoje em dia e desde 1990 é cantor da banda The Frames, e Markéta nunca antes havia atuado. Os diálogos, em sua maioria, não soam forçados, tendo sido muitas vezes improvisado. Há uma forte química entre os dois, tendo esta até gerado um relacionamento fora do set, que permanece até hoje. ;)

A música permeia toda a história, da primeira à última cena. Acompanhamos a evolução dos personagens juntamente ao amadurecimento das canções (que, por sinal, são ótimas) e vice-versa. Quase todas elas foram compostas pelos próprios protagonistas, tendo a música “Falling Slowly” até ganhado o prêmio de melhor canção original no Oscar 2008.

Alguns podem não gostar, por acharem a temática brega ou melosa demais. Entretanto a impressão que ficou em mim foi de que “Once” é simples, verdadeiro e com um frescor interessante que vale a pena ser visto. É sim mais uma história de amor, com alguns de seus clichês e sua carga dramática. Mas fazer o que? Querendo ou não, as histórias que mais nos tocam acabam sendo essas...

Há uma primeira vez pra tudo não?

Não sabendo o que dizer, coloco três pontinhos.
...
Creio que como primeira postagem de um blog que não sei se vai durar, por não saber se sua dona terá tempo ou criatividade para mantê-lo, me apresento.
Cinéfila, dorminhoca, hiperativa. acho que já é o suficiente. Tentarei expor aqui idéias, opiniões e o que mais me der na telha.
Cinema, livros, vida... o que for!
Nossa, que texto brega! Eu certamente me arrependerei desse texto mais tarde, mas como acho que poucos vão ler, vamos lá.
3....
2..
1.
GO!!